A Marrabenta é um ritmo musical moçambicano originário da região sul do país, especialmente de Lourenço Marques (atual Maputo), no final dos anos 30. Esta expressão musical é resultado da fusão de estilos tradicionais como Magika, Xingombela e Zukuta.
Embora tenha começado a se desenvolver no final dos anos 30, foi na década de 50 que a Marrabenta se tornou popular, com grupos como Djambu, Hulla-Hoop e Harmonia, que incorporaram diversos ritmos folclóricos, resultando na miscigenação cultural característica do Sul do Save.
A estilização da Marrabenta teve origem nas Associações de Naturais, que desempenharam um papel importante na preservação da cultura e identidade africanas durante o período colonial, marcado pela supressão sistemática das manifestações culturais consideradas folclóricas.
O nome “Marrabenta” deriva de “rebenta”, associado à dança exuberante. Na década de 30 e 40, no bairro de Mafalala, um dos principais subúrbios de Lourenço Marques, o nome “Marrabenta” surgiu na Associação Beneficente Comoreana, frequentada por membros das Ilhas Comores. Este local, conhecido como “Comoreanos”, era um espaço de entretenimento onde se dançava a Marrabenta.
A estilização da Marrabenta resultou da influência do movimento migratório entre Moçambique e a África do Sul, onde indivíduos em busca de melhores condições de vida levavam consigo ritmos, instrumentos e músicas ouvidas na África do Sul, introduzindo-os no ambiente cultural de Lourenço Marques.
Propagação da Marrabenta
A rádio desempenhou um papel significativo na propagação desses ritmos, especialmente entre a população analfabeta que preferia esse meio de comunicação. As bandas americanas e sul-africanas também exerceram influência, com as primeiras sendo apreciadas por um público africano mais sofisticado e as segundas pelos emigrantes moçambicanos em contacto directo com a música negra sul-africana.
Após a independência em 1975, a Marrabenta enfrentou desafios devido à nova realidade política, económica e cultural. A valorização da música tradicional moçambicana levou à diminuição da Marrabenta, que era vista como um ritmo urbano e de difícil utilização política.
Em 1987, a Orquestra Marrabenta Star tentou reavivar o género, mas enfrentou dificuldades empresariais e encerrou suas actividades em 1989. O projecto “Mabulu”, iniciado em 2000, misturou elementos tradicionais da Marrabenta com jovens cantores de rap, alcançando sucesso comercial até seu término em 2002.
Apesar da falta de políticas institucionais para protegê-la e promovê-la, a Marrabenta continua a ter um lugar importante na cultura moçambicana. Artistas como Neyma Alfredo e Lourena Nhate têm contribuído para sua preservação e popularização, enquanto surgem novos estilos musicais, como o Dzukuta-Pandza, inspirado na Marrabenta.
O Festival Marrabenta, iniciado em 2008, é uma celebração da importância desse género musical, atraindo multidões e reconhecendo sua influência como um dos pilares da identidade moçambicana. A Marrabenta, como um símbolo duradouro, continua a definir a cultura musical de Moçambique.
Fonte: Buala