Fundada oficialmente em 1979, a Mabor de Moçambique simbolizou a ambição industrial pós-colonial de Moçambique. A fábrica, fruto de uma parceria entre o governo recém-independente e a Norte‑americana Tyre Company — dando seguimento à tradição da Manufactura Nacional de Borracha fundada em 1938 — tornou-se um pilar da indústria nacional, com capacidade de produção diversificada e aproximadamente 23 000 m² de infra-estrutura.
Mesmo em pleno conflito civil, a Mabor jamais perdeu ânimo, assumindo presença relevante nos mercados regionais da SADC. Em 1995 conquistou reconhecimento internacional com certificação de qualidade pelos EUA. Contudo, os impactos da economia planificada, os entraves à exportação e a agitação laboral no início dos anos 2000 culminaram num cenário insustentável: uma greve em massa selou o destino da unidade, que encerrou cerca de 2002.
Durante anos, a Mabor ficou inactiva até que, em 2011, o governo optou pela privatização. Um despacho ministerial autorizou a venda directa à portuguesa CAMAC, com a intermediação do IGEPE. O plano de revitalizar a produção de pneus jamais se materializou, e novas negociações direccionaram a fábrica para outro rumo.

Em 2017, surgiu o novo propósito da Mabor: transformar-se em um centro de produção gráfica e editorial — livros escolares, cadernos e materiais afins — adequado às necessidades nacionais. Essa mudança foi formalizada em Junho de 2019, quando Office Mart, Lda. adquiriu as instalações por 180 milhões de Meticais, usando parte do valor para quitar uma dívida histórica de 72 milhões face ao Millennium BIM.
Hoje, sob o comando da Office Mart, a antiga Mabor serve à educação moçambicana, produzindo materiais impressos em línguas locais, fomentando emprego, capacitação e economia nacional. Apesar de existirem propostas para reviver a indústria de pneus no âmbito de uma política industrial mais robusta, falta-lhe capital e viabilidade económica.
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